"The Diplomat", nova série da Netflix, já é uma das boas surpresas do ano
Atração reúne um elenco entrosado, liderado por Keri Russell, que prova saber desenvolver papeis dramáticos, cômicos ou uma mistura dos dois.
Destaque da Semana
“Nosso ramo existe por troca de favores", exclama em uma determinada discussão a embaixadora Kate Wyler (Keri Russell, de The Americans). E é justamente isso que assistimos na primeira temporada de The Diplomat, nova série da Netflix que estreou no catálogo na última semana. A história é centrada em Wyler, recém-empossada como embaixadora dos Estados Unidos em Londres em meio a tensões geopolíticas que incluem Irã, Reino Unido e Rússia.
Todo seu trabalho consiste em negociar para atingir qualquer que seja o menor dano possível - além de lidar com um casamento que está perto do fim com o ex-embaixador Hal Wyler (Rufus Sewell). Seu trabalho considera, no entanto, um tipo de negociação que ela ainda não estava acostumada, uma vez que ela atuou mais no Oriente Médio, região na qual os embaixadores colocam a mão na massa. Ao contrário de uma embaixada no Reino Unido, e em outros países aliados, onde os embaixadores travam um jogo de cena para serem aceitos, saírem em capas de revistas e deixarem uma boa impressão para o país que representam.
Esse contexto é importante, mas não é somente o thriller político que torna The Diplomat uma das boas (e surpreendente) estreias desse primeiro semestre. Além de já causar um certo fascínio ao colocar diplomatas e diplomacia no centro da história, algo que o mundo precisa urgentemente se inspirar para negociar a paz em tantas regiões em guerra, a série está longe de ser pretensiosa e tangencia a história principal com doses de humor e romance que trazem leveza às discussões sobre bombardeios aqui, mercenários ali e outros bastidores políticos que enriquecem a trama.
É possível, enquanto estiver assistindo, encontrar semelhanças em séries como Homeland (2011-2020) ou The West Wing (1999-2006). E isso não é por acaso: Debora Cahn, criadora de The Diplomat, foi roteirista de ambas as séries. A abordagem, no entanto, é bem diferente e é isso que torna The Diplomat um programa com sua própria identidade, pois retrata dinâmicas de poder e de aceitação do cargo sob a perspectiva da mulher e do homem - é interessante como determinadas atitudes de Kate são julgadas apenas por ela ser mulher, enquanto que outras tomadas por seu marido (tão piores quanto) se tornam oportunidades para dizer o quanto ele é charmoso e capaz de convencer os que estão ao seu redor.
The Diplomat consegue navegar por esse mundo ambíguo e com diferentes tensões, que nos atraem à narrativa sem nunca perder uma oportunidade para o humor, o charme ou o interesse em acompanhar por episódios vários diplomatas buscando negociar e convencer os céticos - aqueles eleitos e que têm a canetada final. É por isso que a série é um acerto e tanto da Netflix.
Séries
O retorno de Barry para a quarta e última temporada
Só comecei a assistir Barry nesse ano, mesmo com todas as críticas positivas. Tentei quando a série estreou pela HBO, mas não gostei no primeiro momento. Deixe-a no canto e há algumas semanas resolvi dar uma nova chance: maratonei em trinta dias as três temporadas disponíveis. Agora, na estreia da quarta e última temporada, Barry está completando a trajetória do personagem-título, um ex-fuzileiro que combateu na guerra do Afeganistão e, como muitos soldados, é marcado por traumas do conflito - mas também por outros relativos à sua infância que os primeiros episódios dessa nova temporada estão revelando.
Não se engane, contudo, ao pensar que a série perdeu algum lado cômico. Pelo contrário: Bill Hader, ainda que seu personagem agora viva um arco mais sério, continua tendo o timing do humor que se manifesta por meio de um diálogo, de uma expressão facial ou mesmo na sua atuação como diretor dos episódios, construindo quadros que tornam a linguagem da série bastante peculiar (o final do terceiro episódio, exibido nesta semana, é mais um claro exemplar dessa habilidade), ao mesmo tempo que respeita o amadurecimento dos personagens sem deixar que esse tom sério se sobressaia em relação ao humor. Foram três episódios exibidos que dão esperança de que a série irá terminar em sua melhor forma.
Recomendações da Semana
O canal de mídia alemão Deutsche Welle no YouTube produz muitos conteúdos bons, documentários que variam de 20 a 50 minutos. Um desses bem empolgantes, que recomendei em um post no twitter ainda em 2022, é Mediterranean Journey. Dois jornalistas se revezam nos países banhados pelo mediterrâneo para contar como essa importante característica influencia a culinária, a cultura, a política, a religião e a sociedade em geral. São vídeos maravilhosos, bem informativos e, claro, que contempla a riqueza desses lugares mas sem deixar de mencionar também os problemas. (Link)
Há pouco mais de uma semana a Warner Media anunciou a mudança de nome da HBO Max para apenas Max. A partir daí abriu-se uma nova discussão sobre o futuro da plataforma. Mas é preciso entender como a HBO chegou até aqui. É o que a reportagem da CNBC no YouTube oferece, ao recontar a história da HBO que começou há mais de 50 anos atrás, quando a HBO revolucionou a televisão ao oferecer filmes sem cortes, lutas de boxe ao vivo, shows e especiais de comédia quando você não podia assistir esses conteúdos em qualquer lugar, exceto no cinema ou pessoalmente. Lentamente e de maneira acertada, conforme as locadoras de vídeo como a Blockbuster começaram a competir com a proposta de valor da rede no final dos anos 1990 e início dos anos 2000, a empresa passou a investir em alguns dos conteúdos originais mais amados e relevantes de nosso tempo, como The Sopranos, The Wire, dentre outros. E assim a HBO continuou a produzir conteúdo premiado como Game of Thrones, Veep, The Last Of Us e Succession. Apesar de se estabelecer como o padrão ouro da narrativa, a HBO nunca operou como um negócio autônomo e, em vez disso, passou por inúmeras fusões e aquisições, incluindo o mal-sucedido acordo AOL-Time Warner, conhecido como um dos piores da história corporativa americana. Hoje, a empresa pertence à Warner Bros. Discovery, mas os especialistas estão prevendo que outra transição está por vir. (Link)
O jornalista Roberto Sadovski, o qual acompanho desde os tempos da Revista SET, escreve atualmente para o UOL e publicou um texto interessante sobre Os Três Mosqueteiros, com participação inclusive de Vincent Cassel. Não tinha uma grande expectativa pelo filme, mas confesso que fiquei com vontade de assistir depois desse texto. Talvez por se tratar, essa versão, de um blockbuster francês e não americano ou britânico - o que é bom para variar um pouco e trazer um fresco a uma adaptação que já foi feita por tantas vezes. Após 60 anos sem lançar nenhuma produção inspirada no livro de Alexandre Dumas, o cinema francês se prepara para um grande momento de resgate de superproduções. (Link)
A Netflix se prepara para iniciar, até o final de junho, a cobrança pelo compartilhamento de contas “de forma mais ampla”, como a própria empresa sinalizou em seu anúncio ao mercado ao divulgar os números do seu recente balanço financeiro. Cada usuário que compartilhar a senha com outro usuário que não mora na mesma casa terá que desembolsar uma taxa a mais para manter essa conta ativa. (Link)
Muito obrigado pela leitura. Até a próxima edição!