"Ted Lasso" cumpre seu papel em final digno
Arco narrativo do personagem-título encerrado. O que será que vem agora? Algum spin-off?
💡 Olá
Se na semana anterior a gente só conseguia pensar em Succession, essa já foi dedicada à Ted Lasso. A série que conquistou os corações do público quando mais precisava de abraço, bem no olho do furacão da pandemia de COVID-19, chegou ao fim na última semana.
Particularmente, gostei do episódio. Até acho que não foi a melhor temporada da série, mas entendo que o personagem concluiu bem seu arco narrativo. Explico mais abaixo no texto desta semana.
Com o fim de tantas séries, comecei a rever uma que há muito tempo estava precisando visitar novamente e iniciei outra: a primeira, Mad Men (Prime Video), estou revendo e me sinto bem mais preparado, com mais repertório, para entender os subtextos dos diálogos.
E a outra, Snowfall (o Star+ retirou do catálogo, mas deve retornar), estou assistindo pela primeira vez. Foi criada pelo saudoso John Singleton e parece que é boa mesmo.
Sempre que tiver uma brecha de poucos assuntos na semana, como foi esta (mas tumultuada em outros aspectos), tentarei trazer alguns comentários sobre ambas as séries.
Espero que gostem. Boa leitura!
📺 Séries
“Ted Lasso” cumpre seu papel em final digno
Ninguém crava ao certo se Ted Lasso (Apple TV+) voltará para uma quarta temporada ou se continuará sem o personagem-título em spinoffs por aí. Confesso que essa é uma discussão que não interessa tanto para o final. A série concluiu o arco narrativo do seu protagonista e trouxe uma curva de aprendizagem. Não apenas sobre futebol, o qual agora ele parece entender as regras (de impedimento, ao menos), mas sobre a vida em si e seus traumas que ele enfrentou, sempre com leveza e positividade.
[SPOILERS A PARTIR DAQUI]
Toda a história de Ted Lasso (Jason Sudeikis), baseado em um personagem criado para a NBC Sports em 2010, se resumir a um técnico de futebol americano que resolve se aventurar treinando um time de futebol profissional na principal liga do mundo, a inglesa Premier League, funciona como uma metáfora. Porque essa decisão se dá enquanto toda a sua vida pessoal desmorona, o fazendo reviver até traumas passados que ele recusara enfrentar.
Se afastar do futebol americano é seguir por uma jornada rumo ao desconhecido para encontrar o “eu” interior. Isso em uma série dramática teria um peso carregado, lógico. No caso de Ted Lasso, é um assunto que passa e sequer a audiência percebe. A série é tão cativante e alto astral que nos faz comemorar as vitórias, dos personagens e do AFC Richmond, menosprezando os eventuais conflitos.
Nessa temporada marcada por episódios mais longos, deu tempo até da série atiçar os fãs que esperavam um final digno de uma comédia romântica, com Ted e Rebecca (Hannah Waddingham) juntos. E, ao mesmo tempo, é também gratificante ver como a série conseguiu refletir um pouco desse mundo esportivo, seja se inspirando em jogadores renomados para construir determinados personagens ou mesmo colocando os verdadeiros em pequenas aparições, casos de Pep Guardiola, Thierry Henry, dentre outros.
Apesar de claramente sofrer com alguma instabilidade na terceira temporada, não conseguindo repetir os grandes momentos dos anos anteriores,Ted Lasso conseguiu encerrar o arco da narrativa trazendo o personagem para o ponto de partida de onde o encontramos: com a sua família, em sua cidade-natal.
Mas agora, claro, um personagem completamente transformado pela experiência que vivenciou fora do país e, por consequência, fora da sua bolha. Demos boas risadas, vibramos e Ted Lasso serviu para também enfrentarmos as incertezas da pandemia de COVID-19. A série soube encontrar o momento certo de dizer “adeus”.
📦 Recomendações da Semana
Como comumente acontece na iminente chegada da temporada de premiações, dessa vez para a TV, o portal americano The Hollywood Reporter grava os já tradicionais “THR Roundtables” com os principais nomes da indústria que veremos muito falar a respeito à medida que os Emmys se aproximam. São conversas, bem soltas, sobre carreira, os personagens que viveram recentemente e outros assuntos. Até o momento foram divulgados os roundtables dos atores de Drama e Comédia. Vale muito a pena assistir.
Por aqui também gostamos muito de música e tentarei dar algumas recomendações de álbuns mais vezes também. Isso porque o Foo Fighters lançou “But Here we Are” na última semana. Não sou grande fã da banda, mas sempre escuto os lançamentos. Alguns discos me pegam, como os primeiros e o Sonic Highways. Outros, nem tanto. Esse recente trabalho, o primeiro sem o baterista Taylor Hawkins, é um grande grito de socorro, mas também de colocar para fora todos os traumas, dores e incertezas. Dave Grohl reflete sobre morte e perda: do companheiro de banda e da mãe apenas quatro meses depois da trágica morte de Hawkins. É um álbum objetivo, direto ao ponto. E o Pitchfork ilustrou bem isso nesse artigo que recomendo. E o link para o Spotify, claro.
O Ryan Gosling deu um “chega para lá” certeiro nos fãs (?) de Barbie que estão reclamando dele como Ken, sendo acusado de velho para o papel. O mundo com tanto problema e os haters da internet se importando com pouca coisa. É falta de alguma causa para lutar, desconfio. Gosling falou sobre essas reações extremistas como se algum dia essas pessoas se importaram com o Ken antes disso.
Até semana que vem!