"Caso Escola Base" revive lembrança fatídica de jornalismo mal feito
Série documental de quatro episódios, dirigida por Paulo Henrique Fontenelle, está disponível no Globoplay.
💡 Olá
Lembro da primeira vez que ouvi falar no caso Escola Base, que aconteceu em São Paulo, durante uma aula no curso de jornalismo. Foi praticamente todo o semestre falando sobre o tema, que serviu para discutir como não fazer um jornalismo ruim.
Mais do que isso: entender a importância que uma notícia tem e como impacta a vida das pessoas. O caso Escola Base é repleto de conduções ruins, do lado da polícia e da imprensa. E essa combinação implodiu várias famílias, que simplesmente não se recuperaram do trauma que viveram injustamente.
Então, o artigo em destaque dessa semana é sobre a série documental do Globoplay que reconta essa história. Além disso, fiquei muito feliz de ter encontrado um texto sobre o lançamento do ótimo álbum Hail to the Thief, do Radiohead, que completou 20 anos nessa semana.
Espero que gostem. Boa leitura!
📺 Séries
Caso Escola Base revive lembrança fatídica de jornalismo mal feito
Uma das primeiras coisas que qualquer professor fala nas primeiras aulas do curso de jornalismo é citar a Escola Base. É uma forma de ensinar para a próxima geração de jornalistas de que toda a conversa apresentada no curso de ser imparcial, de ouvir todos os lados da história e de sempre duvidar de tudo não é conversa fiada. Não por acaso, a série documental Caso Escola Base, dirigido por Paulo Henrique Fontenelle (responsável pelo ótimo Dossiê Jango) e disponível no Globoplay, começa justamente lembrando o quanto esse caso é explorado pelas faculdades. Quem se prepara para ser um futuro jornalista conhece a história e nunca mais esquece. Mas será que o público comum ainda lembra?
A história envolveu falsas acusações de abuso sexual, quando duas mães procuraram a polícia para relatarem comportamentos estranhos em seus filhos que frequentavam o colégio. O diretor traça um estudo completo do que foi o caso que aconteceu na Escola Base no início dos anos 90, em São Paulo.
Ao contrário de uma outra produção, também do Globoplay sobre o mesmo caso (Escola Base - Um Repórter Enfrenta o Passado), a série de Fontenelle discute os acontecimentos com mais profundidade, mais detalhes e ouvindo mais partes.
A partir do momento que as denúncias chegam às redações dos principais jornais, em meio à Semana Santa de notícias frias e poucas movimentações, editores fazem uma escolha: dar ou não a notícia. Um jornalista da TV Globo resolve contar a história primeiro sem checar todas as informações e confiando apenas na palavra da polícia.
Esse é o começo do fim, já que o caso toma grandes proporções e os suspeitos são, de antemão, julgados e condenados pela mídia.
O tal “efeito manada” toma conta da imprensa e todos seguem o que foi noticiado pela TV Globo. Enquanto a imprensa batia cabeça e estampava manchetes sensacionalistas, que seriam facilmente consideradas hoje como “caça-cliques”, a vida dos envolvidos desmoronava diante do olhar julgador da sociedade.
Caso Escola Base vai além da outra produção citada ao assumir dois papéis importantes: primeiro, de relatar como esse caso transformou e destruiu as famílias que foram acusadas injustamente (algumas delas ainda brigam na justiça por indenização); e o outro, mais óbvio, ao traçar um paralelo (mesmo que breve) com os dias atuais ao imaginar esse caso acontecendo hoje com as mídias digitais.
Algumas idas e vindas, entre um episódio e outro ou às vezes até no mesmo capítulo, deixam a narrativa repetitiva em certos momentos. Mas não atrapalham o resultado final, o que acredito ser a obra definitiva sobre o caso.
📦 Recomendações da Semana
Mais um roundtable divulgado nessa semana, agora com os diretores. Confesso que senti falta de Bill Hader, que dirigiu todos os episódios da última temporada de Barry. Por outro lado, acredito que o The Hollywood Reporter cobriu bem as principais produções que terão algum destaque nas premiações da TV no 2º semestre.
Coincidência ou não, estava ouvindo bastante nos últimos dias o álbum Hail to the Thief, lançado pelo Radiohead em 2003. E me dei conta, lembrado por algum site desses de música, que o disco completou 20 anos do lançamento no dia 09 de junho. Quase caí da cadeira: como o tempo passa rápido, parece que foi outro dia que eu estava correndo até a Siciliano para comprar o CD e voltando mais rápido ainda para casa e escutar. Aproveito para compartilhar um artigo da revista SPIN publicado na época. Todos os membros da banda falam sobre as faixas e cada um tem uma compreensão diferente do que de fato significa. Para Thom Yorke é sobre refletir que mundo deixaremos para nossos filhos. Mais atual, impossível.
Até semana que vem!